domingo, 15 de maio de 2016

Espírito de Cooperação


Espírito de Cooperação
C.H. Spurgeon

Dependemos inteiramente do Espírito de Deus para produzir efeito concreto decorrente do evangelho, o que deve sempre constituir o nosso objetivo. Não nos levantamos em nossos púlpitos a fim de desfraldar a nossa habilidade na esgrima esportiva da espada espiritual, mas, sim, para empreender luta de verdade. O objeto que temos em mira é fazer a espada do Espírito traspassar o coração dos homens. 

Se em algum sentido se pode pensar na pregação como uma exibição pública, há de ser como a exibição do jogo do cultivo, que consiste em cultivar realmente a terra. A competição não está na aparência dos arados, mas no trabalho feito. Dessa forma sejam julgados os ministros pelo modo como manejam o arado do evangelho, e como sulcam o solo da lavoura, de ponta a ponta. Sempre visem ao efeito. "Ora", dirá alguém, "entendi que você tenha dito: "Nunca faça isso." Digo também que nunca visem ao efeito, no sentido infeliz dessa expressão. Nunca visem ao efeito segundo o modo dos artífices de clímax, dos declamadores de poesia, dos manipuladores de lenços, e dos sopradores de palavrório bombástico.

Para o homem que degrada o púlpito reduzindo-o a um palco de teatro para exibir-se, muito melhor que não tivesse nascido. Visem à correta espécie de efeito: inspirar os crentes para coisas mais nobres; levá-los para mais perto do seu Senhor; fortalecer os que vacilam até que se livrem dos seus temores; levar os pecadores ao arrependimento e ao exercício da fé incondicional em Cristo. Sem que se sigam estes sinais, para que servem os nossos sermões? Seria uma lástima dizer com certo arcebispo: "Passei por muitas posições de honra e de confiança, tanto na igreja como no estado, mais do que qualquer colega da minha ordem na Inglaterra, durante os últimos setenta anos. Mas se tivesse a certeza de que, por minha pregação, ao menos uma alma tivesse sido convertida a Deus, teria nisso maior consolo do que em todos os honrosos ofícios que me deram.

"Para o homem que degrada o púlpito reduzindo-o a um palco de teatro para exibir-se, muito melhor que não tivesse nascido."

"Milagres da graça devem constituir os selos do nosso ministério. Quem pode dá-los, senão o Espírito de Deus? Converter uma alma sem o Espírito de Deus! Ora, vocês não podem nem fazer um inseto. Muito menos criar um novo coração e um espírito reto. Tentem conduzir os filhos de Deus a uma vida mais elevada, sem o Espírito Santo! É indizivelmente mais provável que os levem à segurança carnal, se procurarem elevá-los por seus próprios métodos, sejam estes quais forem. 

Não poderemos alcançar os nossos fins se omitirmos a cooperação do Espírito do Senhor. Portanto, com forte clamor e lágrimas, ponham nEle a sua esperança, dia a dia. A falta de reconhecimento definido do poder do Espírito Santo jaz na raiz de muitos ministérios vãos. 

As violentas palavras de Robert Hall são tão verdadeiras agora como quando as esparramou como lava derretida sobre uma geração semi-sociniana. "Por um lado, merece atenção o fato de que os mais eminentes e bem sucedidos pregadores do evangelho – um Brainerd, um Baxter, um Schwartz – foram os mais notáveis pela simples dependência em que se colocavam do auxílio espiritual. Por outro lado, nenhum sucesso acompanhou os ministérios daqueles que têm negligenciado ou negado esta doutrina. 

"Não poderemos alcançar os nossos fins se omitirmos a cooperação do Espírito do Senhor. Portanto, com forte clamor e lágrimas, ponham nEle a sua esperança, dia a dia."

Estes encontraram a maior censura à sua presunção no total fracasso dos seus esforços, em que ninguém lutara pela realidade da interferência divina,no que a eles se refere; pois, quando o braço do Senhor se revela aqueles pretensos mestres do cristianismo, quem acreditará que não haja tal braço? Foi preciso deixá-los trabalhar num campo a respeito do qual Deus ordenou que não caísse chuva nele. Como se conscientes disso, por último voltaram os seus esforços para um novo canal e, sem esperança de conversão de pecadores, limitaram-se à sedução dos fiéis. Nisto, é preciso confessar, eles têm agido de modo perfeitamente coerente com os seus princípios. Pois que, ao menos, a propagação da heresia não requer a assistência divina."

Este é o quarto post que faz parte de uma série de 8 publicações sobre o Espírito Santo e sua relação com o ministério. O anterior falou sobre Espírito de súplica.

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