terça-feira, 24 de maio de 2016

O Espírito que é brasa viva


O Espírito que é brasa viva
C.H. Spurgeon

Precisamos do Espírito de outra maneira, a saber, como a brasa viva tirada do altar, tocando os nossos lábios. Assim, quando temos conhecimento e sabedoria para escolher a porção certa da verdade, podemos desfrutar liberdade de expressão quando vamos entregá-la. "Eis que ela tocou os teus lábios." 

Quão gloriosamente fala o homem quando os seus lábios estão empolados pela brasa viva do altar – sentindo o poder de fogo da verdade, não apenas no recôndito da alma, mas nos próprios lábios com os quais está falando! Reparem nessas ocasiões como estremece a sua fala. Não notaram agora mesmo, na reunião de oração, em dois dos irmãos que elevaram súplicas, como era trêmulo o tom da sua voz, e como tremiam as estruturas dos seus corpos? 

Porque não somente os seus corações foram tocados, como espero tenham sido todos os nossos corações, mas os seus lábios foram tocados, e esse toque influiu em seu falar, irmãos, precisamos do Espírito de Deus para abrir as nossas bocas, para podermos proclamar os louvores do Senhor, ou então não falaremos com poder. 

Necessitamos da influência divina para impedir que digamos muitas coisas que, caso saíssem de fato das nossas 1inguas, estragariam a nossa mensagem. Aqueles dentre nós que têm o perigoso talento para o humorismo, às vezes precisam parar, pegar a palavra ao sair da boca, olhar bem para ela, e ver se presta bem para a edificação. E aqueles cujo viver anterior os conduziu entre os grosseiros e rudes, precisam vigiar com olhos de lince a falta de delicadeza. 

Longe de nós, irmãos, dizer uma sílaba que sugira um pensamento impuro ou que desperte uma lembrança duvidosa. Precisamos do Espírito de Deus para pôr freio e cabresto em nós para impedir que falemos coisas que levem a mente dos ouvintes para longe de Cristo e das realidades eternas, fazendo-os pensar em coisas vis da terra. 

Irmãos, também precisamos do Espírito Santo para nos impulsionar em nossa tarefa de comunicar a Palavra. Não duvido que vocês estejam todos conscientes dos diferentes estados mentais que ocorrem na pregação. Alguns desses estados decorrem das diferentes condições físicas. Um resfriado não só tira a clareza da voz, mas também congela o fluxo dos pensamentos. Da minha parte, se eu não posso falar com clareza, também fico incapaz de pensar com clareza, e o conteúdo a transmitir fica rouco também, como a voz. Igualmente o estômago e todos os órgãos do corpo afetam a mente. 

Mas não me refiro a essas coisas. Terão vocês consciência das alterações completamente independentes do corpo? Quando estão robustos, não se sentem um dia pesados como os carros de Faraó com as rodas retiradas, e noutra ocasião com tanta liberdade como "uma corça deixada solta"? Hoje o ramo brilha com o orvalho, ontem foi crestado pela seca. Quem não sabe que o Espírito de Deus está nisso tudo? Às vezes o Espírito divino age em nós de molde a livrar-nos completamente de nós mesmos. Em tais ocasiões, do começo ao fim do sermão podíamos dizer: "Se no corpo ou fora do corpo, não sei, Deus o sabe". Tudo foi esquecido, menos certo absorvente assunto em mãos. 

Se me fosse proibido entrar no Céu, mas me fosse dado escolher a condição em que passarei a eternidade, escolheria aquela em que às vezes me sinto quando prego o evangelho. Nesse estado prefigura-se o Céu: 

  • A mente cerrada para todas as influências perturbadoras, adorando o majestoso Deus, com plena consciência de Sua presença, todas as faculdades elevadas e jubilosamente cheias de vigor no máximo de sua capacidade, todos os pensamentos e poderes da alma alegremente ocupados em contemplar a glória do Senhor e exaltando com as multidões atentas o Bem-amado da nossa alma; 
  • E durante todo esse intervalo, a mais pura benevolência concebível para com as demais criaturas a incentivar o coração a pleitear com elas em prol do nome de Deus – que estado mental pode rivalizar-se com este? 

Pena é que alcançamos este ideal, porém, sem o podermos manter sempre, pois também sabemos o que é pregar em cadeias ou dar murros no ar. Não podemos atribuir santas e felizes mudanças ocorridas em nosso ministério a nada menos que a ação do Espírito Santo em nossas almas. Estou certo de que o Espírito Santo realiza esta obra. Vezes sem conta, quando me assaltam dúvidas sugeridas pelo infiel, posso arremessá-las aos ares com total desdém, porque tenho definida consciência de um poder que opera em mim quando falo em nome do Senhor, poder que transcende infinitamente a qualquer capacidade ou eloquência pessoal, e que sobrepuja em muito qualquer energia derivada do entusiasmo que sinto quando faço uma preleção secular ou um discurso. 

Aquele poder é tão diferente deste, que tenho toda a certeza de que não é da mesma ordem ou classe do entusiasmo dos políticos ou do ardor da oratória pura e simples. Oxalá experimentemos com muita freqüência a energia divina e falemos com poder.

Este é o sexto post que faz parte de uma série de 8 publicações sobre o Espírito Santo e sua relação com o ministério. O anterior falou sobre Espírito que Age.

segunda-feira, 23 de maio de 2016

O Espírito que Age


O Espírito que Age
C.H. Spurgeon

O Espírito de Deus age também como óleo que unge e isto se relaciona com todo o trabalho da pregação – não simplesmente com a alocução oral, mas com toda a transmissão do discurso. Ele pode fazê-los sensíveis ao assunto, até ao ponto de ficarem dominados por ele, quer achatados na terra, quer elevados às alturas como em asas de águias. Acresce que, além do assunto, Ele os faz sensíveis ao seu objeto, até anelarem pela conversão dos homens e pelo despertamento dos cristãos, para que se elevem a algo mais nobre do que tudo que já conhecem. 

Ao mesmo tempo, outro sentimento estará com vocês, a saber, um intenso desejo de que Deus seja glorificado mediante a verdade que estão proclamando. Vocês ficam conscientes de um profundo e compassivo interesse pelas pessoas a que estão falando, lamentando que alguns saibam pouco, e que outros saibam muito e, contudo, o recusam. Vocês fitam alguns semblantes e, em silêncio, o seu coração lhes diz: "Ali caí orvalho", e, voltando-se para outros, com tristeza percebem que são como as partes áridas da montanha de Gilboa.

Tudo isto se dá durante o sermão. Não podemos contar quantos pensamentos passam pela mente de uma vez. Uma vez contei oito grupos de pensamentos que ocupavam o meu cérebro simultaneamente, ou ao menos dentro do espaço do mesmo segundo. Estava pregando o evangelho com todas as minhas forças, mas não pude deixar de sensibilizar-me por uma senhora que estava evidentemente prestes a desmaiar, e também fiquei procurando o irmão encarregado das janelas, para que nos desse mais ar. Estava pensando na ilustração que omitira na primeira divisão, procurando dar forma à segunda divisão, perguntando-me se este sentira o peso da minha reputação, se aquele se fortalecera com a observação consoladora, e ao mesmo tempo estava louvando a Deus por desfrutar eu pessoalmente da verdade que estava proclamando. 

Alguns intérpretes consideram os querubins de quatro rostos como emblemas dos ministros. Eu certamente não vejo dificuldade na forma quádrupla, pois o Espírito Santo pode multiplicar os nossos estados mentais, e fazer de nós homens muito superiores além do que somos por natureza. O quanto pode Ele fazer de nós, e quão grandiosamente pode elevar-nos, não ouso conjeturar. Certamente Ele pode fazer muitíssimo acima do que pedimos ou pensamos. Especialmente faz parte da obra do Espírito Santo manter em nós uma disposição devocional enquanto estamos entregando a mensagem.

Esta é uma condição que se deve ambicionar grandemente – continuar a orar enquanto estamos ocupados com a prédica; cumprir os mandamentos do Senhor, dando ouvidos à voz da Sua Palavra; manter os olhos postos no trono, e as asas em constante movimento. Espero que saibamos o que isto significa. Estou certo de que sabemos o seu oposto, ou de que logo o experimentaremos, isto é, o mal de pregar sem espírito de devoção. Que pode ser pior do que falar sob a influência de um espírito arrogante ou irritado? Que é mais debilitante do que pregar num espírito incrédulo? 

Por outro lado, que bênção arder fervorosamente enquanto brilhamos diante dos olhos de outros! Esta é a obra do Espírito de Deus. Adorável Consolador, opera em nós! Em nossos púlpitos precisamos unir o espírito de dependência como de devoção, de modo que, durante a pregação toda, desde a primeira palavra até a última sílaba, olhemos ao alto para o Forte em busca de força. É bom lembrar que, embora tivessem chegado até o presente ponto, se o Espírito Santo os deixasse, fariam papel de tolos antes de acabar o sermão. Elevando os olhos para os montes de onde vem o socorro durante o sermão inteiro, com absoluta dependência de Deus, vocês pregarão com espírito de bravia confiança o tempo todo. 

Talvez eu esteja errado ao dizer "bravia", pois não é coisa bravia confiar em Deus; para os verdadeiros crentes é simples questão de doce necessidade – como podem deixar de confiar nEle? Por que haveriam de duvidar do seu Amigo sempre fiel? Outro dia de manhã, pregando à minha igreja sobre o texto, "A minha graça te basta", disse aos irmãos que pela primeira vez em minha vida tinha experimentado o que Abraão sentiu quando se inclinou sobre o seu rosto e riu. Voltava para casa depois de uma semana de trabalho intenso, quando vejo à minha mente o texto: "A minha graça te basta."  Veio, porém, com a ênfase posta em duas palavras: "A Minha graça te  basta." Minha alma disse: "Sem dúvida é assim. Seguramente, a graça do Deus infinito é mais que suficiente para um simples inseto como eu." E ri, e tornei a rir, ao pensar em quanto o suprimento excedia a todas as minhas necessidades. Parecia que eu era um pequeno peixe no mar, e na minha sede dizia: "Viva, vou beber o oceano inteiro." Então o Pai das águas ergueu sublime a cabeça e disse a sorrir: "Pequenino peixe, a ilimitada vastidão marinha te basta." 

Este pensamento fez com que a descrença parecesse supinamente ridícula, como de fato é. Irmãos, devemos pregar cientes de que Deus pretende abençoar a Palavra proclamada, pois temos Sua promessa neste sentido. E ao termos pregado, devemos procurar as pessoas atingidas pela bênção. Dirão vocês: "Fico dominado pelo espanto ao ver que Deus converte almas por meio do meu pobre ministério"? Falsa humildade! O seu ministério é pobre de verdade. Toda gente sabe disso, e vocês devem sabê-lo mais que ninguém. Mas, ao mesmo tempo, é coisa para espantar que, o Deus que disse: "A minha palavra não voltará para mim vazia", cumpra o que prometeu? A refeição irá perder o seu valor nutritivo porque o prato é barato? A graça divina haverá de ser sobrepujada por nossa fraqueza? Não. Mas temos este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não nossa. Precisamos ainda do Espírito Santo durante o sermão todo para manter os nossos corações e mentes em condição apropriada. Sim, porque, se não tivermos o espírito certo perderemos a entonação que persuade e prevalece, e o povo descobrirá que a força de Sansão o deixou. 

Uns pregam como quem está ralhando, e assim põem à mostra o seu mau gênio. Outros se pregam a si próprios, e assim revelam o seu orgulho. Alguns discursam como se estivessem condescendendo em ocupar o púlpito, enquanto outros pregam como se estivessem pedindo desculpa por existirem. Para evitar erros nas maneiras e no tom da prédica, precisamos ser guiados pelo Espírito Santo, posto que só Ele nos ensina com proveito.

Este é o quinto post que faz parte de uma série de 8 publicações sobre o Espírito Santo e sua relação com o ministério. O anterior falou sobre Espírito de cooperação.


domingo, 22 de maio de 2016

Qual a importância do departamento de casais?



Antes de iniciar uma reflexão sobre este tema, talvez seja importante pensarmos em algumas perguntas: Qual é o propósito do casamento? Qual o propósito do departamento de casais?

Dentre os serviços que eu e minha esposa tivemos o privilégio de servir nas igrejas que fomos e somos membros, destaco o departamento de casais. Temos pouco mais de 15 anos de casamento e somos um casal relativamente jovem, em idade e em tempo de matrimônio. Mesmo com todas as limitações, falhas e pecados, procuramos na dependência do Espírito Santo nos aprofundarmos na Palavra de Deus para sermos eficazes e entendermos com clareza o propósito da nossa união. 

De maneira geral a resposta às duas perguntas tem elementos gerais comuns. O primeiro, certamente terá como propósito maior a união em uma só carne para a Glória de Deus. O segundo, a semelhança do primeiro, ajudar casais que almejam aperfeiçoar os seus relacionamentos para a Glória de Deus. 

Um dos primeiros encontros de casais que eu e minha esposa participamos ficou marcado em meu coração a seguinte frase exposta pelo palestrante: "Famílias fortes, igrejas fortes!"

"Famílias fortes, igrejas fortes!"

Uma família começa a sua jornada no casamento. Bem, aqui eu entro especificamente na pergunta que deu origem ao tema da postagem. 

Jornada! Esta é a palavra que nos ajudará a refletir e entender melhor a importância de um departamento de casais em uma igreja.

Quando pensamos em um departamento de casais, talvez venha na mente de alguns um departamento que faça um evento uma vez por ano, quem sabe um retiro de final de semana, a fim de cumprir um calendário tradicionalmente criado pela igreja. Não vou me referir a este tipo de departamento. Pois, entendo que se o propósito for esse, será uma obra meramente humana (destaco que sou a favor de retiros, desde que a finalidade seja o crescimento espiritual).

Uma vez que reconhecemos que temos uma jornada matrimonial, devemos admitir que temos lutas todos os dias em várias áreas: nos sentimentos, na sexualidade, na espiritualidade, na relação com os filhos, nas decisões em diversas áreas que precisamos tomar, na relação com os pais dos cônjuges, no uso do dinheiro, etc. Enfim, são tantos os desafios ao longo da jornada, que vejo um departamento de casais tendo pelo menos uma reunião por mês para trazer e compartilhar diversos temas à luz dos princípios bíblicos e ajudar aos casais a perseverarem em seus casamentos.

Claro que o departamento de casais não se faz apenas pela instituição do departamento pela igreja. Afinal, a existência do mesmo só faz sentido se existirem casais. A participação ativa de cada casal é importante, uma vez que diferentemente do que possamos pensar em algumas ocasiões, é a participação e a interação de todos que faz a diferença. A edificação é individual, mas também coletiva. 

Lembro-me de que, certa vez, num desses encontros mensais, que normalmente terminam com um jantar, tivemos a oportunidade de sentar com um casal que até então não tínhamos tido a oportunidade de conversamos. Eles compartilharam conosco uma situação relacionada a filhos que estavam passando e ficaram surpresos quando nós dissemos que também passávamos pelo mesmo. Desta forma, foi possível compartilhar as experiências e orarmos juntos, buscado a direção do Espírito Santo. Saímos muito mais fortalecidos deste encontro!

Quero destacar também um critério equivocado que eventualmente podemos usar para decidir se vamos ou não aos encontros: o assunto. "Esse assunto eu já conheço", "Essa pregação eu já ouvi". Todavia, uma das coisas que eu e minha esposa aprendemos a cada dia é que o nosso coração realmente é enganoso. Os encontros de casais que mais fomos confrontados e edificados, foram aqueles em que o assunto nos parecia mais trivial e que achávamos que sabíamos o suficiente. Porém, foram os que mais precisávamos ouvir.

Assim, chego a conclusão que todos nós precisamos de ajuda para aperfeiçoar os nossos relacionamentos conjugais. Eu digo TODOS nós! Pois, não há oportunidade se não tivemos a consciência da necessidade. É preciso que haja de nossa parte o reconhecimento da importância dos nossos casamentos para as nossas famílias, para a igreja e para a sociedade. Talvez, se meditarmos nessa premissa possamos encontrar facilmente a resposta da importância de ir aos encontros de casais.

"Os encontros de casais que mais fomos confrontados e edificados, foram aqueles em que o assunto nos parecia mais trivial e que achávamos que sabíamos o suficiente. Porém, foram os que mais precisávamos ouvir."

Poderia compartilhar diversas situações em que eu e minha esposa fomos edificados. Mas, quero apenas ressaltar o que considero um oportuno constrangimento. É que a cada vez que vamos a um encontro, descobrimos o quanto precisamos mudar. As vezes situações corriqueiras que passam desapercebidas, mas que ao longo de uma jornada (olha a jornada de novo!), fazem a diferença para a felicidade do casal e para suportar as adversidades da vida. 

Eu vou confessar uma coisa, EU tenho muito o que aprender e melhorar no meu casamento. Tenho problemas de comunicação, nem sempre compartilho as cargas com a esposa (na desculpa de poupá-la), tenho que melhorar na administração do tempo, dinheiro, filhos e tantos outros desafios. Mas, reconheço que Deus tem sido misericordioso, pois apesar de todas as minhas limitações, ele tem me ensinado de várias formas na minha jornada. E uma delas tem sido os encontros de casais. 

Em resumo, sou muito, mais muito grato a Deus por ter usado ao longo da nossa jornada de casamento encontros de casais que foram tão importantes para o nosso crescimento e aprendizado.

Para refletir, o que temos feito para oxigenar espiritualmente o nosso casamento? Será se o departamento de casais pode nos ajudar? Eu penso que sim. E você?


sábado, 21 de maio de 2016

Você sabe realmente o que é fome?


"Cadê o meu iogurte favorito?", disse o marido ao chegar em casa. E acrescentou: "Hoje vou dormir com fome, pois só tem de morango e eu só gosto de chocolate."

"Não vou tomar café!", disse o filho logo de manhã. E explicou: "Café da manhã sem frutas, só com pão e leite, não alimenta. Vou passar a manhã com fome!" E saiu com raiva e indignação.

"Eu não comi nada naquele encontro. Onde se viu oferecer comida em pratos de plástico? Eu prefiro passar fome", disse uma senhora se referindo a um aniversário em que foi convidada.

É incrível como usamos a palavra fome de forma banal. Porém, o mais incrível é que utilizamos para justificar comportamentos e atitudes que geram conflitos e, principalmente, ingratidão.

Total de pessoas no mundo em 21-05-2016
Segundo a Deutsche Welle (DW), empresa de comunicação internacional da Alemanha, atualmente o planeta tem mais de 7 bilhões de pessoas e a cada 3 segundos uma pessoa morre de fome. Pois é, fome, a verdadeira fome é uma sensação fisiológica que o organismo sente para manter suas atividades vitais. Não é um capricho, um desejo, uma vontade não atendida de uma determinada comida, mas que pode ser substituída por outra existente.

"Atualmente o planeta tem mais de 7 bilhões de pessoas e a cada 3 segundos uma pessoa morre de fome."

Tenho uma lembrança de uma palestra que assisti quando tinha mais ou menos 15 anos. O palestrante era um judeu de 80 anos sobrevivente do campo de concentração de Auschwitz. Ele começou fazendo a seguinte pergunta: "Levante a mão quem já passou fome?" Foram poucos os que levantaram. Num gesto sereno e tranquilo ele disse: "Muito provavelmente os que levantaram a mão não sabem o que realmente é passar fome. Talvez o máximo que vocês passaram foi a vontade de comer um "mcdonald's big mac" e seus pais não tinham dinheiro para comprar. Aí vocês fizeram "biquinho" e não quiseram comer um pão com presunto e queijo, que era o que tinha em casa."

E continuou: "Passar fome é quando você tem vontade de comer e não tem alternativas de alimentos. Não tem nada mesmo!" Ele relatou que em Auschwitz eles ficavam em celas, onde uma vez por semana era jogado 1 (um) pão para dividir para mais de 10 pessoas. Isso era passar fome, pois eles tinham vontade de comer, mas não tinham alternativa, não tinham opções.

Um sobrevivente magro após a libertação em 1945. Estima-se que 
1,1 milhões de pessoas morreram em Auschwitz durante os seus quase cinco anos de operação.
Foi uma palestra que me marcou muito na adolescência. Desde então, tenho sido muito grato a Deus por cada alimento que ele me proporciona a cada dia. Não importa se é o meu preferido ou não. Não importa se é muito ou pouco, simplesmente agradeço de todo o meu coração. Que Deus tenha misericórdia e não permita que eu me desvie desse pensamento todos os dias da minha vida.

"Passar fome é quando você tem vontade de comer e não tem alternativas de alimentos. Não tem nada mesmo!"

Para concluir, gostaria de compartilhar o meu pensamento sobre a solução. Penso que seria possível termos um mundo sem fome. Mas para isso, o ser humano teria que abrir mão das suas "necessidades" e caprichos. Entendo que o planeta produz alimento suficiente para todos, porém a natureza egoísta e vaidosa do homem é política e socialmente tolerada por todos. Assim, muitas famílias tem muito mais alimento do que realmente precisam, mas são míopes de consciência e espiritualmente incapazes de perceber isso. O que falta na mesa de alguns é extraordinariamente abundante na mesa de outros. E aceitamos isso com indiferença!

Que Deus nos ajude a não sermos como o perfil da Igreja de Laodicéia, achando que somos ricos e abastados e não precisamos de coisa alguma. Porém, a luz do verdadeiro diagnóstico, aos olhos de Deus, é que somos infelizes, sim, miseráveis, pobres, cegos e nus.

"Entretanto, estais agora vos orgulhando das vossas capacidades. E toda vanglória como essa é maligna. Refleti sobre isto, pois: Quem sabe que deve fazer o bem e não o faz, comete pecado." Tiago 4.16-17

domingo, 15 de maio de 2016

Espírito de Cooperação


Espírito de Cooperação
C.H. Spurgeon

Dependemos inteiramente do Espírito de Deus para produzir efeito concreto decorrente do evangelho, o que deve sempre constituir o nosso objetivo. Não nos levantamos em nossos púlpitos a fim de desfraldar a nossa habilidade na esgrima esportiva da espada espiritual, mas, sim, para empreender luta de verdade. O objeto que temos em mira é fazer a espada do Espírito traspassar o coração dos homens. 

Se em algum sentido se pode pensar na pregação como uma exibição pública, há de ser como a exibição do jogo do cultivo, que consiste em cultivar realmente a terra. A competição não está na aparência dos arados, mas no trabalho feito. Dessa forma sejam julgados os ministros pelo modo como manejam o arado do evangelho, e como sulcam o solo da lavoura, de ponta a ponta. Sempre visem ao efeito. "Ora", dirá alguém, "entendi que você tenha dito: "Nunca faça isso." Digo também que nunca visem ao efeito, no sentido infeliz dessa expressão. Nunca visem ao efeito segundo o modo dos artífices de clímax, dos declamadores de poesia, dos manipuladores de lenços, e dos sopradores de palavrório bombástico.

Para o homem que degrada o púlpito reduzindo-o a um palco de teatro para exibir-se, muito melhor que não tivesse nascido. Visem à correta espécie de efeito: inspirar os crentes para coisas mais nobres; levá-los para mais perto do seu Senhor; fortalecer os que vacilam até que se livrem dos seus temores; levar os pecadores ao arrependimento e ao exercício da fé incondicional em Cristo. Sem que se sigam estes sinais, para que servem os nossos sermões? Seria uma lástima dizer com certo arcebispo: "Passei por muitas posições de honra e de confiança, tanto na igreja como no estado, mais do que qualquer colega da minha ordem na Inglaterra, durante os últimos setenta anos. Mas se tivesse a certeza de que, por minha pregação, ao menos uma alma tivesse sido convertida a Deus, teria nisso maior consolo do que em todos os honrosos ofícios que me deram.

"Para o homem que degrada o púlpito reduzindo-o a um palco de teatro para exibir-se, muito melhor que não tivesse nascido."

"Milagres da graça devem constituir os selos do nosso ministério. Quem pode dá-los, senão o Espírito de Deus? Converter uma alma sem o Espírito de Deus! Ora, vocês não podem nem fazer um inseto. Muito menos criar um novo coração e um espírito reto. Tentem conduzir os filhos de Deus a uma vida mais elevada, sem o Espírito Santo! É indizivelmente mais provável que os levem à segurança carnal, se procurarem elevá-los por seus próprios métodos, sejam estes quais forem. 

Não poderemos alcançar os nossos fins se omitirmos a cooperação do Espírito do Senhor. Portanto, com forte clamor e lágrimas, ponham nEle a sua esperança, dia a dia. A falta de reconhecimento definido do poder do Espírito Santo jaz na raiz de muitos ministérios vãos. 

As violentas palavras de Robert Hall são tão verdadeiras agora como quando as esparramou como lava derretida sobre uma geração semi-sociniana. "Por um lado, merece atenção o fato de que os mais eminentes e bem sucedidos pregadores do evangelho – um Brainerd, um Baxter, um Schwartz – foram os mais notáveis pela simples dependência em que se colocavam do auxílio espiritual. Por outro lado, nenhum sucesso acompanhou os ministérios daqueles que têm negligenciado ou negado esta doutrina. 

"Não poderemos alcançar os nossos fins se omitirmos a cooperação do Espírito do Senhor. Portanto, com forte clamor e lágrimas, ponham nEle a sua esperança, dia a dia."

Estes encontraram a maior censura à sua presunção no total fracasso dos seus esforços, em que ninguém lutara pela realidade da interferência divina,no que a eles se refere; pois, quando o braço do Senhor se revela aqueles pretensos mestres do cristianismo, quem acreditará que não haja tal braço? Foi preciso deixá-los trabalhar num campo a respeito do qual Deus ordenou que não caísse chuva nele. Como se conscientes disso, por último voltaram os seus esforços para um novo canal e, sem esperança de conversão de pecadores, limitaram-se à sedução dos fiéis. Nisto, é preciso confessar, eles têm agido de modo perfeitamente coerente com os seus princípios. Pois que, ao menos, a propagação da heresia não requer a assistência divina."

Este é o quarto post que faz parte de uma série de 8 publicações sobre o Espírito Santo e sua relação com o ministério. O anterior falou sobre Espírito de súplica.

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Espírito de súplicas



Espírito de Súplicas
C.H. Spurgeon

Necessitamos do Espírito de Deus como o Espírito de súplicas, que faz intercessão pelos santos de acordo com a vontade de Deus.

Uma parte muito importante da nossa vida consiste em orar no Espírito Santo, e o ministro que não pensa assim, melhor seria que abandonasse o ministério. É preciso que abundante oração acompanhe a pregação zelosa. Não podemos estar sempre de joelhos fisicamente, mas a alma jamais deve abandonar a postura da devoção. O hábito de orar é bom, mas o espírito de oração é melhor. Deve-se manter o retiro periódico, mas a continua comunhão com Deus deve ser o nosso objetivo. Em regra, nos ministros, nunca devemos ficar muitos minutos sem erguer de fato os nossos corações em oração. 

"O hábito de orar é bom, mas o espírito de oração é melhor."

Alguns de nos poderíamos dizer com sinceridade que raramente passamos um quarto de hora sem falar com Deus, e isto não como dever, mas como instinto, como um hábito da nova natureza pelo qual não reclamamos maior crédito do que o bebê por chorar em busca da mãe. Como poderíamos agir doutro modo? Agora, se devemos estar intensamente no espírito de oração, temos necessidade de que o óleo secreto seja derramado no fogo sagrado da devoção dos nossos corações. Oxalá queiramos ser mais e mais visitados pelo Espírito de graça e de súplicas. Quanto às nossas orações em público, queira Deus que nunca digam com verdade que elas são oficiais, formais e frias. Contudo, é o que serão se o suprimento do Espírito for deficiente. 

Não julgo os que usam liturgia. Mas aos que estão acostumados a fazer oração espontânea, digo – vocês não podem orar em público de modo aceitável, ano após ano, sem o Espírito de Deus. As orações mortas serão ofensivas ao povo muito antes de correr um ano. Como há de ser, então? De onde virá o nosso socorro? Certos fracotes dizem: "Tenhamos liturgia!" Em vez de procurar o auxílio divino, descem ao Egito, em busca de socorro. Em vez de colocar-se na dependência do Espírito de Deus, vão orar seguindo um livro! De minha parte, quando não consigo orar, prefiro estar ciente disso e ficar gemendo por causa da aridez da minha alma, até que o Senhor me visite com a bênção de uma devoção frutífera.

Se vocês estiverem cheios do Espírito Santo, lançarão fora com alegria todos os grilhões formais para se entregarem à corrente sagrada e serem levados até encontrarem águas profundas. As vezes desfrutarão mais íntima comunhão com Deus pela oração no púlpito do que em qualquer outro lugar. 

"Quanto às nossas orações em público, queira Deus que nunca digam com verdade que elas são oficiais, formais e frias. Contudo, é o que serão se o suprimento do Espírito for deficiente."

Quanto a mim, a minha mais grandiosa hora secreta de oração muitas vezes dá-se em público. A minha mais genuína experiência de estar a sós com Deus tem-me ocorrido enquanto elevo súplicas em meio a milhares de pessoas. Abro os olhos no fim de uma oração e volto ao povo reunido com uma espécie de choque ao ver que me acho na terra, entre os homens. Essas ocasiões não estão sob o nosso comando. Tampouco podemos elevar-nos a essas condições mediante quaisquer adestramentos ou esforços. Nenhuma língua pode descrever quão benditas são para o ministro e para os demais irmãos essas condições! Quão repleta de poder e de bênçãos há de ser também a prática habitual da oração não posso deter-me aqui para proclamar. Mas para isso tudo temos que elevar os olhos para o Espírito Santo. E, louvado seja Deus, não olharemos em vão, pois dEle se diz especificamente que Ele ajuda as nossas fraquezas na oração.

Este é o terceiro post que faz parte de uma série de 8 publicações sobre o Espírito Santo e sua relação com o ministério. O anterior falou sobre Espírito de santidade.

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Espírito de Santidade



Espírito de Santidade
C.H. Spurgeon

Além do mais, é importante estar sob a influência do Espírito Santo, uma vez que Ele é o  Espírito de Santidade. Sim, porquanto uma parte muito considerável e essencial do ministério cristão consiste em servir de exemplo. Nossa gente observa com muita atenção o que dizemos do púlpito e o que fazemos na esfera social e em tudo mais.

Meus irmãos, acham fácil ser santos? – santos que outros possam considerar como exemplos? Devemos ser maridos tais, que todos os maridos da igreja possam ser como somos, sem risco. É assim conosco? Devemos ser os melhores pais. Lástima! Alguns ministros que conheço estão longe disto pois, com referência às suas famílias, guardam bem as vinhas alheias, porém não guardam bem as suas. Seus filhos são negligenciados e não crescem como semente santa. É assim com os seus? Nas conversas com os nossos semelhantes, somos inculpáveis e inofensivos, como filhos de Deus irrepreensíveis? É o que nos cabe ser. 


"Nossa gente observa com muita atenção o que dizemos do púlpito e o que fazemos na esfera social e em tudo mais."

Respeito as razões pelas quais o Sr. Whitefield mantinha sempre o terno de linho escrupulosamente limpo. "Não, Não", costumava dizer, "isto não é ninharia. O ministro não deve ter mancha, nem mesmo em sua roupa, se possível." Não há como exagerar a pureza num ministro. Vocês conhecem algum colega infeliz que apareceu salpicado, e afetuosamente o ajudaram a remover as manchas, mas perceberam que teria sido melhor se as roupas estivessem alvas sempre. Oh, mantenham-se imaculados do mundo! Como pode ser assim estando nós num cenário de tentação e vivendo cercados de pecados? Somente se formos preservados por um poder superior. Se vocês hão de andar em toda a santidade e pureza, como convém aos ministros do evangelho, devem ser diariamente enchidos do Espírito Santo.


"O maior desafio da vida cristã é viver a Palavra. E para isso, dependemos da Graça de Deus em nossas vidas."

Este é o segundo post que faz parte de uma série de 8 publicações sobre o Espírito Santo e sua relação com o ministério. O anterior falou sobre Espírito de discernimento.

terça-feira, 10 de maio de 2016

Espírito de discernimento


Quem já ouviu falar de Charles Haddon Spurgeon – conhecido como "o príncipe dos pregadores" – certamente ficou sabendo da sua graça, inteligência e sabedoria espirituais, e da grande influência que exerceu, não somente no seu próprio ministério, como também na vida e ministério de muitos outros pastores e obreiros cristãos. Como experiente servo de Deus ele foi uma luz que brilhou entre os seus contemporâneos. 

A partir de hoje publicarei uma série de 8 posts com trechos do livro de Spurgeon, Lições aos meus alunos (Vol. 1), que tratam sobre o Espírito Santo e sua relação com o ministério, conforme a lista abaixo:

1. Ele é o Espírito de conhecimento
2. Ele é o Espírito de sabedoria
3. Ele é a brasa viva tirada do altar
4. Ele age como óleo que unge
5. Ele produz efeito concreto decorrente do evangelho
6. Ele faz intercessão pelos santos
7. Ele é o Espírito de Santidade
8. Ele é Espírito de discernimento

Espírito de discernimento
C.H. Spurgeon

Uma vez mais, precisamos do Espírito Santo em Sua qualidade de Espírito de discernimento, pois Ele conhece as mentes dos homens como conhece a de Deus, e necessitamos muito disto quando lidamos com personalidades difíceis. Há neste mundo alguns indivíduos que talvez pudessem receber permissão para pregar, mas que nunca deveríamos tolerar que se tornassem pastores. São desqualificados mental ou espiritualmente. 

Na igreja de São Zeno, em Verona, vi uma estátua daquele santo, representando-o sentado. O artista lhe deu pernas acima dos joelhos tão curtas que ficou sem colo para abrigar crianças, de modo que ele não poderia ser um pai bom para aconchegar os filhos. Receio que haja muitos outros que trabalham com semelhante falta de habilitação. Não podem levar a sua mente a entrar de coração nos cuidados pastorais. São capazes de dogmatizar sobre uma doutrina e de polemizar sobre uma ordenança, mas, entrar em compassiva empatia com uma experiência alheia está longe deles. Uma pessoa assim só pode prestar frio consolo às consciências aflitas. Seu conselho terá o mesmo valor do conselho dado pelo montanhês escocês que, segundo contam, viu um inglês afundando num pântano em Ben Nevis. "Estou afundando!", gritou o viajante. "Você pode dizer-me como sair daqui?" O montanhês calmamente replicou: "Acho que é provável que você não vá conseguir sair daí nunca", e seguiu seu caminho. Conhecemos ministros dessa laia. Ficam confusos e quase perdem a paciência com os pecadores, lutando à beira do desânimo. Se eu e você, despreparados para a arte do pastoreio, fôssemos colocados entre ovelhas e cordeiros no início da primavera, que haveríamos de fazer com eles? 

Na mesma perplexidade se acham os que nunca foram ensinados pelo Espírito Santo sobre a maneira de cuidar das almas. Oxalá as Suas instruções nos livrem de tão desditosa incompetência! Sobretudo, irmãos, por mais ternura de coração ou amorosa preocupação que tenhamos, não saberemos tratar da imensa variedade de casos, a não ser que o Espírito de Deus nos dirija, pois não existem dois indivíduos iguais. E mesmo um caso idêntico a outro requererá tratamento diferente em diferentes ocasiões. Num período poderá ser melhor consolar, noutro repreender. E a pessoa de quem você se compadeceu com empatia até às lágrimas hoje, talvez necessite que a enfrente com olhar carrancudo amanhã, por dizer tolices da consolação que você lhe deu. Os que curam os quebrantados de coração e proclamam libertação aos cativos precisam ter sobre si o Espírito do Senhor. Na supervisão e direção de uma igreja é necessário o auxílio do Espírito. 

No fundo, o principal motivo da divisão de nossa denominação está na dificuldade proveniente do nosso governo eclesiástico. Tem-se dito que "tende à intranquilidade do ministério." Sem dúvida, é muito penoso para quem suspira pelas dignidades oficiais e sente necessidade de ser o Excelentíssimo Senhor Oráculo, diante de quem até um cachorro fica proibido de latir. Os incapazes de dirigir algo além de bebês são justamente as pessoas que têm maior sede de autoridade e, vendo-se mal aquinhoados dela nestas partes, procuram outras regiões. Se você não pode governar-se a si próprio, se não é varonil e independente, se são é superior quanto ao peso moral, se não tem maior dom e graça do que os seus ouvintes comuns, poderá vestir uma toga e ter a pretensão de ser o líder da igreja – mas, não numa igreja de governo batista ou neotestamentário. 

De minha parte, detestaria ser pastor de pessoas que nada têm que dizer, ou que, se chegam a dizer algo, bem podiam ter ficado caladas, pois o pastor é Sua Excelência, o Soberano, e os demais são leigos – cada qual um João-ninguém. Preferiria antes ser líder de seis homens livres, cujo entusiástico amor fosse o meu único poder sobre eles, do que bancar ditador de uma vintena de nações escravizadas. Que posição é mais nobre do que a do pai espiritual que não se arroga autoridade e, todavia, é estimado por todos, e cuja palavra é dita apenas como terno conselho mas é recebida como tendo força de lei? Ao consultar os desejos de outros, vê que o primeiro desejo deles é saber o que ele recomenda e, cedendo sempre aos desejos de outros, vê que se alegram em ceder aos seus. Amorosamente firme e generosamente gentil, é o chefe de todos porque é servo de todos. Isto não requer sabedoria do Alto? Que poderia ter maior necessidade dela?

"Preferiria antes ser líder de seis homens livres, cujo entusiástico amor fosse o meu único poder sobre eles, do que bancar ditador de uma vintena de nações escravizadas."

Quando Davi se estabeleceu no trono, disse: "É Ele que submete a mim o meu povo." E assim pode falar todo feliz o pastor quando vê tantos irmãos de temperamentos diversos querendo alegremente estar sob disciplina e aceitar a sua liderança na obra do Senhor. Se o Senhor não estivesse entre nós, logo haveria confusão. Ministros, diáconos e presbíteros, todos precisam ser sábios, mas se o pombo sagrado parte, e o espírito de contenda entra, é o fim para nós. Irmãos, o nosso sistema não funcionará sem o Espírito de Deus, e me alegra que não funcione, pois as suas paralisações e suas rupturas chamam a nossa atenção para o fato da Sua ausência. Nunca se teve a intenção de que o nosso sistema promovesse a glória de sacerdotes e pastores, mas é planejado para educar cristãos varonis, que não releguem a sua fé a segundo plano. Quem sou eu, e quem são vocês, para que devamos ser senhores dominando a herança de Deus? Algum de nós se atreverá a dizer com o reí francês, "L'état, c'est moi" – o estado sou eu" – eu sou a pessoa mais importante da minha igreja? Se for assim, não é provável que o Espírito Santo faça uso desses instrumentos inadequados. Mas se conhecemos os nossos lugares e desejamos conservá-los com toda a humildade, Ele nos ajudará, e as igrejas florescerão sob os nossos cuidados.

Que o Senhor tenha misericórdia de todos nós e estejamos atentos a voz do Seu Santo Espírito!

sábado, 7 de maio de 2016

Mulher virtuosa, quem a achará?


Quem a achará? No livro de provérbios no capítulo 31 a partir do versículo 10 uma mãe escreve para seu filho lhe ensinando o valor da mulher virtuosa. Ela compara o seu valor com pedras preciosas. Destacando que uma mulher com este padrão excede muito o valor de jóias raras. Mas começa com uma pergunta: quem a achará? Ela existe? Sim, ela existe. Mas certamente é difícil encontrá-la. Da mesma forma que não é fácil encontrar uma pedra preciosa.

Onde encontrar esta mulher? Uma das características que mais se destacam nesta mulher é a confiança. Como é bom encontrar uma mulher leal, onde projetos e sonhos podem ser compartilhados. Mesmo nos momentos difíceis (e eles virão) ela permanece firme. Não por sua força, mas pela Graça que Deus a concedeu. Não é possível achar essa mulher procurando somente sua beleza física, mas sua beleza interior. Ela é capaz de amar verdadeiramente. O homem que confia em Deus procura essa mulher diligentemente e quando a acha, certamente alcançou a benevolência do Senhor (Pv 18:22).

qual o seu valor? Essa mulher faz o bem e não o mal, todos os dias da sua vida. Seu valor não é mensurável, sua capacidade de amar é indelével. É uma verdadeira herdeira das bençãos divinas e não aceita ser tratada com falta de respeito. Ela reconhece o seu valor e conhece quando um homem é valoroso, sabe amá-la e respeitá-la. Uma mulher virtuosa não é modelo de perfeição, mas busca o seu crescimento a cada dia mesmo que as circunstâncias não estejam favoráveis. É uma mãe virtuosa que ensina seus filhos no caminho que devem seguir.

Te amo para sempre Sherida! Feliz dia das mães!
A minha gratidão a Deus é sem medidas por ter encontrado uma mulher virtuosa e mãe dedicada. Todas as noites ao dormir e ao levantar sinto-me mais seguro por ter ao meu lado uma mulher de valor inestimável.

Essa mulher chama-se Sherida, a maravilha da minha vida e o amor que sempre busquei.

“Quem encontra uma esposa encontra algo excelente; recebeu uma bênção do Senhor.” Provérbios 18:22

Você é um bom ouvinte?



Uma vez um amigo me disse o seguinte: "Vamos modelar um treinamento de "escutatória", pois vejo cada vez mais pessoas que precisam aprender a escutar do que falar." Isso é verdade!

De fato, se queremos ser mais eficazes em qualquer decisão ou atividade que venhamos a desempenhar, precisamos aprimorar a nossa capacidade de escutar. Porém, é preciso muita disciplina, pois estamos acostumados a não ouvir o que os outros tem a dizer. Principalmente, quando estamos em uma mesa de discussão. Queremos que todos nos escutem, mas quando os outros falam não aplicamos o mesmo.

A importância de escutar torna-se fundamental quando estamos numa discussão. Aliás, muitas pessoas entendem e interpretam uma discussão de forma errada, como se ter ou não a sua ideia atendida fosse o objetivo. Nesse pensamento, o escutar passa a não ser mais importante. Uma discussão de alto nível tem como propósito analisar uma questão, um problema ou um assunto, demonstrando e examinando os prós e os contras. Onde o ponto de vista e a percepção de cada um são fundamentais para a melhor tomada de decisão e escolha de que caminho seguir.

Muitas vezes não entendemos o que nos é transmitido ou interpretamos errado devido a nossa incapacidade de escutar. É o que diz as escrituras no livro de Hebreus 5.11: "Do qual muito temos que dizer, de difícil interpretação, porquanto vos fizestes negligentes para ouvir."

Seguem alguns conselhos onde podemos nos orientar para melhorar nossa capacidade de escutar:

1. Elimine as distrações quando estiver numa mesa tratando um assunto. Os smartphones e conversas paralelas são roubadores de atenção e uma falta de educação com quem está falando.

2. Procure o contato visual com quem está falando. Mantenha sua atenção no que está sendo dito e procure entender o que está sendo falado.

3. Elimine trabalhos paralelos, seja escrevendo em papéis sobre a mesa, respondendo e-mails no notebook ou atendendo telefones. Concentre-se no que a pessoa está dizendo.

4. Evite ficar pensando na sua resposta enquanto a outra pessoa está falando. Preste atenção no que está sendo dito. Pode ser importante para sua resposta.

5. Caso esteja distraído no início da conversa, seja humilde o suficiente para pedir desculpas e pedir para a outra pessoa repetir novamente o que foi falado.

6. Caso tenha dúvida no que foi falado, peça que seja repetido ou faça perguntas com o propósito de compreender claramente o que foi dito.

Que Deus nos ajude a sermos mais ouvintes!

"Portanto, meus amados irmãos, todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar." Tiago 1:19

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Pensando bem ...



Há 5 anos estava com a Vitória (filha) e, enquanto eu lhe fazia um cafuné, veio à memória uma série de recordações. Uma delas foi quando eu tinha entre 8 e 12 anos, recebendo também cafuné de minha avó enquanto ela contava histórias.

Pensando bem, como eu gostava daqueles afagos, ahh... como eu gostava! Da mesma forma que minha filha chega toda manhosa me pedindo uma massagem, eu chegava para minha vó para pedir um cafuné.

Pensando bem, lembro de outro momento marcante da minha vida quando o Matheus (filho) me chamou de pai pela primeira vez. Ele tinha em torno de 2 anos. Foi emocionante! Falei para todos os colegas de trabalho, registrei em um diário e foi motivo de gratidão a Deus.

Pensando bem, nunca vou esquecer de todos os pré-natais que fui com a minha esposa. Mas teve um especial! Foi quando ouvi o coração da minha filha bater pela primeira vez. Ela tinha apenas 2 meses e ainda no ventre da mãe. A emoção e as lágrimas foram inevitáveis! Naquele momento eu soube que era possível amar alguém sem conhecer.

Pensando bem, lembro de todas as vezes que me ajoelhei com minha esposa (em prantos) clamando ao Senhor diante das provações que passamos. Como foi confortante saber, mesmo sem saber como, que o nosso Pai estava preparando a seu tempo e a sua maneira, o livramento e o consolo para todas as situações. Como diz a Palavra de Deus: "É inútil que madrugueis, que tarde repouseis, que comais o pão de dores: aos seus amados ele o dá enquanto dormem" (Salmos 127.2). E a cada provação saímos cada vez mais fortalecidos na Fé e no Amor do Senhor.

Pensando bem, eu sou o que sou, não pelo que tenho, pelas conquistas, pelos bens que adquiri, pelas vitórias ou fracassos que tive. Sou o que sou, primeiramente,  pela atuação da Graça de Deus em minha vida. Mas também, resultado de todos os momentos que valorizei (ou não) com as pessoas mais importantes da minha vida.

"As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não tem fim; renovam-se cada manhã. A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto, esperarei nele. Bom é o Senhor para os que esperam por ele, para a alma que o busca." Lm (3.22-25)

E você? O que valoriza? Quem valoriza? Onde deposita sua esperança? O que tem feito com os momentos preciosos que Deus te deu? Pense bem!

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Arrogância: a arte de exigir o que não merece


Por que a arrogância é o maior e mais nefasto vício que alguém pode nutrir? 

Nos últimos anos tenho conhecido muita gente inteligente, com conhecimentos diversos e ícones em suas áreas. Curiosamente, muitos desses (não todos), quando falo com outras pessoas a respeitos das suas notórias qualidades intelectuais, vem logo em seguida a observação a cerca da presunção que eles tem de que sempre estão certos, que suas escolhas são as melhores e não podem ser contestadas.

Esse tipo de arrogância tem sido maléfica para muitas igrejas e instituições de maneira geral. Líderes que se julgam infalíveis, de escolhas perfeitas e acima de qualquer opinião contrária. Paradoxalmente, muitas dessas instituições cultivam a arrogância, mas acabam por mascará-la através de declarações de propósitos abertos e democráticos. Entretanto, na prática o pensamento é livre na medida em que não contradita a opinião dos que tem a presunção de que estão certos. É como se dissessem assim: "Todos são livres para emitirem suas opiniões, desde que estejam em conformidade com a minha."  

Para facilitar e refletirmos sobre nossas próprias ações, segue abaixo uma lista de características do arrogante e que pode nos ajudar numa auto análise se estamos ou não nutrindo esse vício:

1. Despreza a ideia dos outros;
2. Sonega o conhecimento ao semelhante;
3. Se vangloria por não dever nada a ninguém;
4. Ingratidão;
5. Pensa que toda ajuda que recebe nada mais é do que obrigação dos outros;
6. Julga-se invencível e indestrutível;
7. Não respeita a opinião dos outros;
8. Quando percebe que a opinião do outro é diferente da sua, interrompe e desrespeita a fala do outro;
9. Não sabe ouvir;
10. Se consideram os melhores, são verdadeiros deuses;
11. Consideram-se inabaláveis e insubstituíveis;
12. Dizem que ninguém sabe fazer o que eles fazem, são únicos e centralizadores

A arrogância derrubou muitos impérios no decorrer dos séculos. O Titanic afundou por uma negligência que foi motivada pela arrogância. Muitas nações que julgavam-se invencíveis ruíram. Líderes em várias áreas caíram. Enfim, aquele que busca a verdadeira sabedoria não pode dar espaço para a arrogância.

É importante destacar que existe uma diferença entre ser autoconfiante e arrogante. O primeiro é esforçado, bem informado e eficaz em suas intervenções. O segundo julga-se infalível, supervaloriza suas opiniões e tem enorme dificuldade em entrar num acordo a respeito de algum assunto que contraria suas atitudes. 

Em resumo, é importante lembrar que tudo o que aprendemos foi ensinado por alguém. Seja através do que nossos pais nos contaram, seja pelo que aprendemos com os nossos professores, lendo livros, assistindo filmes, em nossos relacionamentos, etc. Seja como for, todas as fontes formais ou informais são constituídas por pessoas.

Por que, então, essa arrogância? Por que não ouvir? Por que não agradecer? Por que não prestar atenção na opinião dos outros, ainda que diferente da nossa? 

Que Deus nos ajude a sermos mais autoconfiantes e menos arrogantes!

"A arrogância precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda." Provérbios 16:18

terça-feira, 3 de maio de 2016

Omissão e os seus efeitos na igreja


Existe uma armadilha que pastores e líderes devem tomar cuidado para não cair. É a armadilha de tentar manter a unidade e a paz numa igreja cultivando a omissão.

Uma vez conversando com uma moça sobre a disciplina na igreja, ela disse: "Não vejo sentido em igrejas disciplinarem as pessoas. Afinal, cada um vai prestar contas a Deus!" De fato, tem uma parte que ela tem razão, todos prestarão contas a Deus. E ela acrescentou: "Na minha igreja não tem essa história de disciplina."

Infelizmente, o que existe hoje em muitas igrejas é uma quantidade grande de joio no meio do trigo. Mas o que de fato chama a atenção não é a quantidade, mas o longo tempo que tais pessoas vivem e convivem no meio da igreja sem nunca serem confrontadas ou disciplinadas. 

É importante ressaltar que toda a igreja tem responsabilidade, pois todos os crentes que percebem esta situação não devem ficar omissos (Levítico 5.1). Porém, em maior parte, os líderes nessas igrejas pagarão um preço muito alto quando comparecerem diante daquele que ama as ovelhas, porque não tiveram coragem suficiente para se levantarem e confrontarem.

Muitas vezes a vaidade (sempre a vaidade) insiste em tomar um lugar significativo em nossos corações. Principalmente líderes, que em razão de uma reputação de não ter em seu histórico problemas em seus departamentos e/ou igrejas, preferem omitir-se do que enfrentar. Não obstante, aqueles que não fazem parte da liderança, também ficam amofinados, sentados, no meio de todo o teatro, dissimulação e mundanismo, com a justificativa: "Estou aqui apenas para adorar a Deus e ouvir a mensagem bíblica!" Esse pragmatismo não deveria ter espaço em nossas mentes! É um absurdo!

Desta forma, muitas igrejas ao longo do tempo ao invés de crescerem em Graça e Conhecimento do Senhor Jesus, transformam-se em verdadeiros oásis de hipócritas que se reúnem semanalmente para cumprirem meros rituais e celebrarem suas vaidosas reputações. Alimentando-se do discurso: "Há mais de 10 anos que na minha igreja eu não tenho problemas com os membros!" Talvez este seja um sinal que existe um grande problema. Omissão!

Penso que temos uma grande ferramenta nas mãos, mas pouco utilizada. Estou falando do discipulado pessoal. Hoje é muito comum nas igrejas membros que não tem ligação nenhuma uns com os outros. Aliás, tem pessoas que até se vangloriam que não sabem da vida de ninguém, que nunca visitaram a casa de ninguém, pois não querem criar laços de intimidade. Outro absurdo! Afinal, deveríamos ser partes de um só corpo. Compartilharmos as cargas. Não é isso? Mas como vou compartilhar cargas, se ninguém se envolve? Ou melhor, se ninguém se compromete com a vida do outro? Mas isso dá trabalho. É verdade! É preciso desenvolver um hábito. Talvez estruturar um programa de discipulado em pares seja um começo.

O pastor Martin Luther King disse o seguinte: "O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons."

Que Deus abençoe as nossas igrejas e nos dê sabedoria e coragem para não sermos omissos!